A Origem das Espécies - Cap. 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA Pág. 187 / 524

Frequentemente, estas espécies representativas encontram-se e interligam-se; e, à medida que uma delas se torna cada vez mais rara, a outra torna-se cada vez mais frequente, até que uma substitui a outra. Mas se comparamos estas espécies onde elas se misturam, são em geral tão absolutamente distintas uma da outra em cada detalhe de estrutura como os espécimes retirados dos centros de actividade que cada uma habita. Segundo a minha teoria, estas espécies próximas são descendentes de uma antecessora comum; e, durante o processo de modificação, cada uma adaptou-se às condições de vida da sua própria região, suplantou e exterminou a sua antecessora original e todas as variedades transicionais entre os seus estados passado e futuro. Portanto, não deveríamos esperar hoje encontrar numerosas variedades transicionais em cada região, embora aí devam ter existido e possam estar incrustadas em estado fóssil. Mas na região intermédia, com condições de vida intermédias, porque não encontramos hoje variedades intermédias intimamente conectadas entre si? Esta dificuldade confundiu-me completamente durante muito tempo. Mas penso que pode ser explicada em grande parte.

Em primeiro lugar, devemos ter o máximo cuidado ao inferir que, pelo facto de ser contínua hoje, uma área foi contínua durante um longo período. A geologia levar-nos-ia a acreditar que quase todos os continentes estiveram divididos em ilhas, mesmo durante os períodos terciários mais tardios; e nessas ilhas poder-se-iam formar separadamente espécies distintas sem que pudessem existir variedades intermédias nas zonas intermédias. Por mudanças na forma do terreno e no clima, as áreas marinhas que hoje são contínuas terão frequentemente existido em períodos recentes numa condição muito menos contínua e uniforme do que no presente.





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