A Origem das Espécies - Cap. 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA Pág. 188 / 524

Mas vou desconsiderar esta maneira de fugir à dificuldade; pois creio que muitas espécies perfeitamente definidas se formaram em áreas estritamente contínuas; embora não duvide de que a condição anteriormente descontínua de áreas hoje contínuas desempenhou um papel importante na formação de novas espécies, mais especialmente nos animais que se cruzam livremente e são nómadas.

Olhando para espécies tal como hoje se encontram distribuídas numa área ampla, encontramo-las geralmente em número razoável num território vasto, tornando-se então, de um modo um tanto abrupto, cada vez mais raras nos limites, desaparecendo por fim. Por esta razão, o território neutro entre duas espécies representativas é geralmente estreito em comparação com o território próprio de cada uma. Observamos o mesmo facto ao subir montanhas, e por vezes é absolutamente extraordinário quão abruptamente, como observou Alph. De Candolle, uma espécie alpina comum desaparece. Forbes observou o mesmo facto ao usar a draga para sondar as profundezas marítimas. Estes factos deveriam causar surpresa a quem considera que o clima e as condições físicas de vida são os elementos mais importantes da distribuição, visto que o clima e a altitude ou profundidade mudam gradual e imperceptivelmente. Mas quando temos presente que quase todas as espécies, mesmo no seu centro de actividade, cresceriam imensamente em número não fossem outras espécies concorrentes; que quase todas ou predam ou servem de presa a outras; em resumo, que cada ser orgânico está ou directa ou indirectamente relacionado da maneira mais importante com outros seres orgânicos, temos de ver que a distribuição dos habitantes de qualquer região de modo nenhum depende exclusivamente de condições físicas imperceptivelmente





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