A Origem das Espécies - Cap. 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA Pág. 202 / 524

Nesta grande classe teríamos provavelmente de descer muito além dos mais baixos estratos fossilíferos conhecidos para descobrir as fases mais primitivas pelas quais o olho se aperfeiçoou.

Nos Articulata podemos iniciar uma série com um nervo óptico meramente revestido de pigmento, sem qualquer outro mecanismo; e, a partir deste estágio inferior, pode-se mostrar a existência de numerosas gradações de estrutura, ramificando-se em duas linhas fundamentalmente diferentes, até alcançarmos um estágio razoavelmente elevado de perfeição. Em certos crustáceos, por exemplo, há uma córnea dupla, dividindo-se a interior em facetas, dentro de cada uma das quais há uma protuberância em forma de lente. Noutros crustáceos, os cones transparentes que estão revestidos de pigmento, e que provavelmente só actuam excluindo feixes de luz laterais, são convexos nas suas terminações superiores e têm de actuar por convergência; e nas suas terminações inferiores parece haver uma substância vítrea imperfeita. Com estes factos, aqui apresentados demasiado breve e imperfeitamente, que mostram que há muita diversidade gradativa nos olhos dos crustáceos vivos, e tendo em mente como é escasso o número de animais vivos proporcionalmente aos que já se extinguiram, não vejo qualquer dificuldade (não mais do que no caso de muitas outras estruturas) em acreditar que a selecção natural converteu o mecanismo simples de um nervo óptico meramente revestido de pigmento e rodeado por uma membrana transparente, num instrumento óptico tão perfeito como têm quaisquer membros da grande classe dos articulados.

Quem chegar até este ponto, se ao concluir este tratado considerar que vastos conjuntos de factos, de contrário inexplicáveis, podem ser explicados pela teoria





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