A Origem das Espécies - Cap. 8: CAPÍTULO VII
INSTINTO Pág. 235 / 524

Muitas abelhas são parasitárias e põem sempre os seus ovos nos ninhos de abelhas de outros tipos. Este caso é mais notável que o do cuco; pois nestas abelhas não só os instintos mas a estrutura se encontram modificados em conformidade com os seus hábitos parasitários; pois não têm o aparelho recolector de pólen que seria necessário se tivessem de armazenar alimento para as próprias crias. Também algumas espécies de Sphegidae (insectos vespídeos) parasitam outros insectos; e M. Fabre mostrou recentemente boas razões para crer que, apesar de a Tachytes nigra construir geralmente a sua própria toca e a abastecê-la de presas paralisadas, para servirem de alimento às suas larvas, quando este insecto encontra uma toca já feita e abastecida por outra spbex, tira partido do prémio e torna-se parasitária nessa ocasião. Neste caso, como no suposto caso do cuco, não vejo a dificuldade de a selecção natural tornar permanente um hábito ocasional, se nisso houver vantagem para a espécie e se o insecto cujo ninho e alimento armazenado são assim malvadamente apropriados não for exterminado.

Instinto escravizador. - Este notável instinto foi primeiro descoberto na Formica (Polyerges) rufescens por Pierre Huber, um melhor observador mesmo do que o seu célebre pai. Esta formiga é absolutamente dependente das suas escravas; sem a sua ajuda, a espécie certamente extinguir-se-ia num só ano. Os machos e fêmeas férteis não trabalham. As operárias, ou fêmeas estéreis, embora muito enérgicas e corajosas na captura de escravas, não fazem qualquer outro trabalho. São incapazes de construir os próprios ninhos ou de alimentar as próprias larvas. Quando o velho ninho se torna inconveniente e têm de migrar, são as escravas que determinam a migração e transportam efectivamente as suas mestras nas mandíbulas.





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