A Origem das Espécies - Cap. 2: CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO Pág. 24 / 524

das asas e da cauda entre si e relativamente ao corpo; o comprimento relativo da perna e das patas; o número de escutelas nos dedos das patas, o desenvolvimento de pele entre os dedos das patas, são todos aspectos de estrutura que são variáveis. O período de aquisição da plumagem perfeita varia, bem como o estado da penugem que reveste as crias das aves quando saem do ovo. A forma e o tamanho dos ovos variam. A maneira de voar difere notavelmente, como acontece com a voz e o temperamento em algumas linhagens. Por fim, em certas linhagens, os machos e as fêmeas vieram a diferir ligeiramente uns dos outros.

Ao todo, poder-se-ia escolher pelo menos uma vintena de pombos, os quais, se os apresentássemos a um ornitólogo, dizendo-lhe tratar-se de aves selvagens, seriam certamente, segundo creio, classificados pelo mesmo como espécies bem definidas. Além disso, não creio que ornitólogo algum colocasse o pombo-correio inglês, o pombo-cambalhota de bico curto, o pombo-romano, o pombo-berbere, o pombo-de-papo e o pombo-de-leque no mesmo género; mais especialmente na medida em que se lhe poderia mostrar, em cada uma destas linhagens, diversas sublinhagens hereditariamente puras, ou «espécies», como ele lhes poderia chamar.

Dada a magnitude das diferenças entre as linhagens de pombos, estou plenamente convencido de que a opinião comum dos naturalistas está correcta, nomeadamente, que todas descendem do pombo comum (Columba livia), subsumindo-se neste termo diversas variedades geográficas ou subespécies, que diferem entre si nos aspectos mais insignificantes. Como muitas das razões que me levaram a esta crença são, em maior ou menor grau; aplicáveis noutros casos, vou apresentá-las brevemente aqui. Se as diversas linhagens não são





Os capítulos deste livro