A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 269 / 524

Pelo que determinadas plantas individuais e todos os indivíduos de determinadas espécies são efectivamente muito mais facilmente hibridizados do que autofertilizados! Por exemplo, um bolbo de Hippeastrum aulicum produziu quatro flores; três foram fertilizadas com o pólen das próprias plantas e a quarta foi subsequentemente fertilizada pelo pólen de um híbrido composto descendente de três outras espécies distintas: o resultado foi que «os ovários das três primeiras flores cedo pararam de crescer e, após alguns dias, pereceram completamente, ao passo que a vagem fecundada pelo pólen do híbrido teve um crescimento vigoroso e amadureceu rapidamente, vindo a dar boa semente, que germinou livremente». Numa carta que me dirigiu em 1839, o Sr. Herbert disse-me que tentara então a experiência durante cinco anos e continuou a tentar subsequentemente durante muitos anos, sempre com o mesmo resultado. Este resultado foi também confirmado por outros observadores no caso do Hippeastrum com os seus subgéneros, e no caso de alguns outros géneros, como o Lobelia, o Passiflora e o Verbascum. Embora as plantas nestas experiências parecessem perfeitamente saudáveis e embora tanto os óvulos como o pólen da mesma flor estivessem em perfeitas condições relativamente a outras espécies, como eram funcionalmente imperfeitos na sua auto-acção mútua, temos de inferir que as plantas se encontravam num estado contrário ao natural. Não obstante, estes factos mostram que de causas ligeiras e misteriosas por vezes depende a maior ou menor fertilidade das espécies quando cruzadas, por comparação com as mesmas espécies quando autofertilizadas.

As experiências práticas dos horticultores, embora não sejam realizadas com precisão científica, são dignas de nota.





Os capítulos deste livro