A Origem das Espécies - Cap. 2: CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO Pág. 27 / 524

é de um azul xistoso e tem uma rabadilha branca (a subespécie indiana, Columba intermédia de Strickland, tem-na azulada); a cauda tem uma listra escura na extremidade, com uma orla branca na base das penas exteriores; as asas têm duas listras pretas; algumas linhagens semidomésticas e algumas linhagens bravias aparentemente puras têm, além das duas listras pretas, as asas axadrezadas de preto. Esta diversidade de marcas não ocorre conjuntamente em quaisquer outras espécies da família inteira. Em cada uma das linhagens domésticas, pegando nas aves perfeitamente bem geradas, todas as marcas atrás mencionadas, inclusive a orla branca nas penas caudais exteriores, por vezes co-ocorrem perfeitamente desenvolvidas. Além disso, quando duas aves pertencentes a duas linhagens distintas se cruzam, das quais nenhuma é azul nem tem qualquer das marcas atrás especificadas, a prole mista é muito propensa a adquirir subitamente estes caracteres; por exemplo, cruzei alguns pombos-de-leque uniformemente brancos com alguns berberes uniformemente pretos, e produziram aves sarapintadas de castanho e preto; cruzei mais uma vez estes entre si, e a cor de um dos netos do pombo-de-leque puro branco e do pombo-berbere puro preto tinha uma bela cor azul, com a rabadilha branca, a dupla listra preta nas asas e as penas caudais risca das, com orla branca, como qualquer pombo comum bravio! Podemos compreender estes factos com base no célebre princípio da reversão a caracteres ancestrais, se todas as linhagens domésticas descendem do pombo comum. Mas se negamos isto, temos de fazer uma das duas seguintes suposições, muitíssimo improváveis. Ou, em primeiro lugar, todas as diversas castas aborígenes que imaginámos eram coloridas e tinham as marcas do pombo comum, embora nenhuma outra espécie existente tenha esta coloração e estas marcas, pelo que em cada linhagem distinta poderia haver uma tendência para reverter às mesmíssimas cores e marcas.