A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 315 / 524

sobre este assunto, em 1845, observei o progresso da geologia e fiquei surpreendido por notar como, autor após autor, ao tratarem esta ou aquela grande formação, chegaram à conclusão de que foi acumulada durante a subsidência. Posso acrescentar que a única formação terciária antiga na vasta costa ocidental da América do Sul, que tem sido suficientemente maciça para resistir à degradação que até hoje tem sofrido, mas que dificilmente persistirá até uma era geológica distante, foi certamente depositada durante uma oscilação descendente de nível, ganhando assim uma espessura considerável.

Todos os factos geológicos nos dizem claramente que cada área sofreu numerosas e lentas oscilações de nível, e aparentemente estas oscilações afectaram espaços amplos. Consequentemente, as formações ricas em fósseis e suficientemente espessas e extensas para resistir à subsequente degradação podem ter-se formado em espaços amplos durante períodos de subsidência, mas apenas onde a reserva de sedimento era suficiente para manter o mar raso e para incrustar e preservar os vestígios antes que estes tivessem tempo de se decompor. Por outro lado, com o leito do mar estacionário, não se poderiam ter acumulado depósitos espessos nas partes rasas, que são as mais favoráveis à vida. Menos ainda poderia isto ter acontecido durante os períodos alternados da elevação; ou, mais precisamente, as camadas que foram então acumuladas terão sido destruídas ao serem elevadas e expostas à acção das ondas costeiras.

Assim, o registo geológico ter-se-á quase necessariamente tornado intermitente. Confio bastante na verdade destas perspectivas, pois estão em estrita conformidade com os princípios gerais inculcados por Sir C. Lyell; e E. Forbes chegou independentemente a uma conclusão semelhante.





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