A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 316 / 524

Um comentário merece aqui ser referido. Durante períodos de elevação, a área de terra e das adjacentes partes marítimas pouco profundas serão aumentadas e formar-se-ão frequentemente novas estações - circunstâncias muitíssimo favoráveis, como se explicou atrás, à formação de novas variedades e espécies; mas durante tais períodos haverá geralmente uma lacuna no registo geológico. Por outro lado, durante a subsidência, a área habitada e o número de habitantes diminuirão (à excepção das produções no litoral de um continente quando pela primeira vez dividido num arquipélago) e, consequentemente, durante a subsidência, embora venha a haver muita extinção, formar-se-ão menos variedades ou espécies novas; e é precisamente durante estes períodos de subsidência que se acumularam os nossos grandes depósitos ricos em fósseis. Quase se pode afirmar que a natureza se precaveu contra a descoberta das suas formas transicionais ou de ligação.

Pelas considerações anteriores não se pode duvidar de que o registo geológico, encarado como um todo, é extremamente imperfeito; mas se limitarmos a nossa atenção a qualquer formação, torna-se mais difícil compreender por que razão não encontramos aí variedades intimamente gradativas entre as espécies próximas que viveram no início e no fim desta. Há registo de alguns casos em que as mesmas espécies apresentam variedades distintas nas partes superiores e inferiores da mesma formação, mas, dada a sua raridade, podemos aqui ignorá-las. Embora a deposição de cada formação tenha incontestavelmente exigido um vasto número de anos, consigo ver diversas razões por que cada uma não incluiria uma série gradativa de elos entre as espécies que viveram nessa altura; mas não posso de maneira alguma fingir atribuir às considerações seguintes o devido peso proporcional.





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