A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 348 / 524

da Rússia, Europa Ocidental e América do Norte, diversos autores observaram um paralelismo análogo nas formas de vida: assim acontece, segundo Lyell, com os diversos depósitos terciários europeus e norte-americanos. Mesmo omitindo completamente as novas espécies fósseis comuns ao Velho e Novo Mundos, o paralelismo geral nas sucessivas formas de vida, nas camadas dos estágios amplamente separados do paleozóico e terciário seria ainda manifesto e poder-se-ia facilmente correlacionar as diversas formações.

Estas observações, todavia, referem-se aos habitantes marinhos de partes distantes do mundo: não temos dados suficientes para determinar se as produções terrestres e de água doce se modificam analogamente em pontos distantes. Podemos duvidar se se modificaram ou não desta maneira: se o megatério, o milodonte, a macrauquénia e o toxodonte tivessem sido trazidos de La Plata para a Europa, sem qualquer informação sobre a sua situação geológica, ninguém suspeitaria de que tinham coexistido com moluscos que vivem ainda hoje; mas, como estes monstros anómalos coexistiram com o Mastodonte e o cavalo, poder-se-ia pelo menos inferir que viveram num dos últimos estágios terciários.

Quando se afirma que as formas de vida marinhas se modificaram simultaneamente em todo o mundo, não temos de supor que esta expressão se refere ao mesmo milésimo ou centésimo milésimo ano, ou sequer que tem um sentido geológico muito rigoroso; pois se se comparasse todos os animais marinhos que vivem hoje em dia na Europa, e todos os que viveram na Europa durante o período Pleistocénico (um período muitíssimo remoto se medido em anos, que abrange toda a era glacial), com os que hoje vivem na América do Sul ou na Austrália, o naturalista mais apto dificilmente saberia se os habitantes da Europa de hoje ou do Pleistoceno se assemelhavam ou não mais intimamente aos do hemisfério sul.





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