A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 360 / 524

Não constitui uma objecção real à verdade da teoria, a fauna de cada período como um todo ser quase intermédia em carácter às faunas precedentes e seguintes, que certos géneros oferecem excepções à regra. Por exemplo, os mastodontes e os elefantes, quando dispostos pelo Dr. Falconer em duas séries, primeiro segundo as suas afinidades mútuas e depois segundo os seus períodos de existência, não seguem uma ordem concordante. As espécies de carácter extremo não são as mais antigas nem as mais recentes; tão-pouco as que são intermédias em carácter são temporalmente intermédias. Mas supondo por um instante, neste e noutros casos semelhantes, que o registo do primeiro aparecimento e desaparecimento das espécies era perfeito, não temos razão para crer que as formas sucessivamente produzidas persistem necessariamente durante períodos de tempo correspondentes: uma forma muito antiga pode ocasionalmente durar muito mais tempo do que uma forma produzida subsequentemente noutro local, especialmente no caso das produções terrestres que habitam regiões separadas. Comparando coisas pequenas e grandes: se se dispusesse, tão bem quanto possível, as principais raças vivas e extintas do pombo doméstico em afinidade serial, esta ordenação não seria rigorosamente conforme à ordem temporal da sua produção e ainda menos à ordem do seu desaparecimento; pois o antecessor pombo comum vive ainda hoje em dia; e muitas variedades entre o pombo comum e o pombo-correio se extinguiram; e os pombos-correio que se situam nos extremos da série no que se refere ao importante carácter do comprimento do bico originaram-se antes dos pombos-cambalhota de bico curto, que neste mesmo aspecto se encontram no extremo oposto da série.

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