A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 361 / 524

a afirmação de que os vestígios orgânicos de uma formação intermédia têm em certa medida caracteres intermédios, está o facto, em que todos os paleontólogos insistem, de os fósseis de duas formações consecutivas estarem muito mais intimamente relacionados entre si do que os fósseis de duas formações remotas. Pictet dá como exemplo bem conhecido a semelhança geral dos vestígios orgânicos das diversas etapas da formação cretácica, embora as espécies sejam distintas em cada etapa. Este facto apenas, pela sua generalidade, parece ter abalado a firme crença do Professor Pictet na imutabilidade das espécies. Quem está familiarizado com a distribuição global das espécies existentes, não procurará explicar a semelhança íntima das espécies distintas em formações rigorosamente consecutivas, através da quase inalterabilidade das condições físicas das áreas antigas. Relernbrese que as formas de vida, pelo menos as que habitam o mar, se modificaram quase simultaneamente em todo o mundo, portanto, nos climas e condições mais dissemelhantes. Considere-se as prodigiosas vicissitudes climáticas durante o Pleistoceno, que inclui todo o período glacial, e note-se quão pouco foram afectadas as formas específicas dos habitantes marinhos.

Segundo a teoria da descendência, o significado pleno do facto de os vestígios fósseis de formações rigorosamente consecutivas, embora classificados como espécies distintas, serem intimamente próximos, é óbvio. Como a acumulação de cada formação foi frequentemente interrompida, e como longos intervalos vazios intervieram em formações sucessivas, não devíamos esperar encontrar, como procurei mostrar no capítulo anterior, quaisquer uma ou duas formações, todas as variedades intermédias às espécies que apareceram





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