A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 375 / 524

Um terceiro grande facto, em parte incluído nas afirmações anteriores, é a afinidade das produções do mesmo continente ou mar, embora as próprias espécies sejam distintas em diferentes pontos e locais. É uma lei da maior generalidade, da qual se encontram inumeráveis exemplos em todos os continentes. Apesar disso, o naturalista, ao viajar, por exemplo, de norte para sul, nunca deixa de se impressionar pela maneira como os sucessivos grupos de seres, especificamente distintos, porém claramente próximos, se substituem uns aos outros. Ouve o canto quase igual em aves de tipos intimamente próximos, mas distintos, e vê a construção análoga dos seus ninhos, embora não exactamente igual, onde se encontram ovos quase com a mesma coloração. As planícies perto do Estreito de Magalhães são habitadas por uma espécie de Ema (avestruz americana) e, a norte, as planícies de La Plata por outra espécie do mesmo género; não por uma avestruz genuína ou emu, como as que se encontram em África e na Austrália à mesma latitude. Nestas mesmas planícies de La Plata vemos a cutia e a chinchila, animais que têm quase os mesmos hábitos que as nossas lebres e coelhos, e que pertencem à mesma ordem de roedores, mas exibem claramente um tipo americano de estrutura. Subimos aos cumes elevados da Cordillera e encontramos uma espécie alpina de chinchila; olhamos para as águas e 'não encontramos o castor ou o rato almiscarado, mas a nútria e a capivara, roedores do tipo americano. Poder-se-ia dar inumeráveis outros exemplos. Se olhamos para as ilhas ao largo do litoral americano, por muito que difiram em estrutura geológica, os habitantes, ainda que possam todos ser espécies peculiares, são essencialmente americanos. Podemos olhar para épocas passadas, como se mostrou no último capítulo, e descobrir tipos americanos então predominantes no continente americano e nos mares americanos.





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