A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 378 / 524

Mas, em muitos outros casos, em que temos razão para crer que as espécies de um género foram produzidas num período comparativamente recente, há bastantes dificuldades a este respeito. É também óbvio que os indivíduos da mesma espécie, embora hoje habitem regiões distantes e isoladas, têm de ter procedido de um local de onde são originários os seus progenitores: pois, como se explicou no capítulo anterior, é incrível que indivíduos exactamente idênticos tenham sido produzidos por meio de selecção natural, a partir de progenitores especificamente distintos.

Somos assim levados à questão que tem sido amplamente discutida pelos naturalistas, ou seja, a questão de as espécies terem sido criadas num ou mais pontos da superfície da terra. Sem dúvida há muitíssimos casos de extrema dificuldade em compreender de que modo a mesma espécie poderia ter migrado de um dado local para os diversos locais distantes e isolados onde hoje os encontramos. Não obstante, a mente deixa-se cativar pela simplicidade da perspectiva de que cada espécie foi primeiro produzida numa única região. Quem a rejeita, rejeita a vera causa da geração ordinária com migração subsequente, e reclama a acção de um milagre. É universalmente admitido que, na maioria dos casos, a área habitada por uma espécie é contínua; e quando uma planta ou animal habitam dois pontos tão distantes entre si, ou com um intervalo de tal natureza que o espaço não poderia ser facilmente transposto pela migração, esse facto é apresentado como algo notável e excepcional. A capacidade de migração ultramarina é visivelmente mais restrita nos mamíferos terrestres, mais do que talvez em quaisquer outros seres orgânicos; e, consequentemente, não encontramos casos inexplicáveis em que o mesmo mamífero habita pontos distantes do mundo.





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