A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 401 / 524

Na Cordillera equatorial da América do Sul, os glaciares estendiam-se outrora muito abaixo do seu nível no presente. No Chile central, fiquei assombrado perante a estrutura de uma grande elevação de detritos, com cerca de 245 metros de altura, atravessando um vale dos Andes; e isto, estou hoje convencido, era uma morei a gigantesca, que permaneceu muito abaixo de qualquer glaciar existente. Mais a sul, em ambos os lados do continente, desde a latitude 41 ° até à extremidade meridional, temos os indícios mais claros de acção glacial anterior, em enormes pedregulhos que foram transportados para muito longe da sua matriz.

Não sabemos se a época glacial foi estritamente simultânea nestes diversos pontos afastados em partes opostas do mundo. Mas temos bons indícios, em quase todos os casos, de que esta época pertence ao mais recente período geológico. Temos também excelentes indícios de que persistiu durante imenso tempo, medido em anos, em cada ponto. O frio pode ter chegado ou terminado mais cedo num ponto do globo do que noutro, mas vendo que durou muito em cada e que foi geologicamente contemporâneo, parece-me provável que tenha sido, pelo menos durante uma parte do período, efectivamente simultâneo em todo o mundo. Sem algum indício inequívoco em contrário, podemos no mínimo admitir a probabilidade de a acção glacial ter sido simultânea nas partes oriental e ocidental da América do Norte, na Cordillera sob o equador e nas zonas temperadas mais quentes, e em ambos os lados da extremidade meridional do continente. Admitindo isto, é difícil evitar a crença de que a temperatura mundial foi durante este período simultaneamente mais fria. Mas seria suficiente para o que tenho em mente se a temperatura fosse ao mesmo tempo mais baixa em determinadas faixas longitudinais extensas.





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