A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 419 / 524

teoria, pois, como já foi explicado, as espécies que ocasionalmente chegam, após longos intervalos, a uma nova região isolada, tendo de competir com novos parceiros, serão eminentemente susceptíveis a modificações e produzirão frequentemente grupos de descendentes modificados. Mas de maneira nenhuma se segue que, porque numa ilha quase todas as espécies de uma classe são peculiares, as de outra classe, ou de outra secção da mesma classe, são peculiares; e esta diferença parece depender de as espécies que não se modificam terem imigrado com facilidade e em grupo, pelo que as suas relações mútuas não foram muito perturbadas. Assim, nas Ilhas Galápagos, quase todas as aves terrestres, mas apenas duas das 11 aves marinhas, são peculiares; e é óbvio que as aves marinhas poderiam ter chegado a estas ilhas mais facilmente do que as aves terrestres. As Bermudas, por outro lado, que ficam aproximadamente à mesma distância da América do Norte que as Ilhas Galápagos da América do Sul, e têm um solo muito peculiar, não têm uma só ave terrestre endémica; e sabemos pela admirável descrição que o Sr. J. M. Jones fez das Bermudas, que muitíssimas aves norte-americanas, durante as suas grandes migrações anuais, visitam periódica ou ocasionalmente esta ilha. A Madeira não tem uma só ave peculiar, e muitas aves europeias e africanas são quase anualmente para ali arrastadas, segundo me informa o Sr. E. V. Harcourt. Pelo que estas duas ilhas das Bermudas e da Madeira foram povoadas por aves, que durante muito tempo lutaram conjuntamente nos seus ambientes e se adaptaram mutuamente; e, uma vez estabelecidos nos seus novos ambientes, cada tipo terá sido mantido pelos outros nos seus lugares e hábitos apropriados e, consequentemente, terão sido pouco susceptíveis a modificações.




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