A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 91 / 524

os habitantes de cada região lutam conjuntamente num primoroso equilíbrio de forças, quaisquer modificações extremamente ligeiras na estrutura ou hábitos de um habitante dar-lhe-iam com frequência uma vantagem sobre os outros; e, não raro, modificações adicionais do mesmo tipo aumentariam ainda mais essa vantagem. Não se pode nomear uma só região em que todos os habitantes nativos estejam hoje tão perfeitamente adaptados uns aos outros e às condições físicas em que vivem, que nenhum deles pudesse ser de alguma maneira aperfeiçoado; pois em todas as regiões os nativos têm sido a tal ponto conquistados por produções naturalizadas que permitiram aos alienígenas apoderar-se firmemente do território. E, como em toda a parte os alienígenas venceram desta maneira alguns dos nativos, podemos concluir com segurança que os nativos podiam ter sofrido modificações vantajosas, para que pudessem oferecer maior resistência a tais intrusos.

Dado que o homem pode produzir, e seguramente produziu, um grande resultado através dos seus meios de selecção metódicos e inconscientes, o que não poderia a natureza realizar? O homem apenas pode agir sobre caracteres externos e visíveis: a natureza é indiferente às aparências, excepto na medida em que possam ser úteis a um ser qualquer. Ela pode agir sobre qualquer órgão interno, sobre cada matiz de diferença constitutiva, sobre toda a maquinaria da vida. O homem selecciona apenas para seu próprio benefício; a natureza apenas para benefício do ser do qual cuida. Todo o carácter seleccionado é por ela plenamente exercitado; e o ser é colocado sob condições de vida apropriadas. O homem mantém na mesma região os nativos de muitos climas; raramente exercita cada carácter seleccionado de uma maneira particular





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