Inferno - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 27 / 102

Depois voltou pelo caminho pantanoso, sem nos dirigir palavra, mas parecendo-me um homem que outro cuidado move e aguilhoa, que não o de quem tem pela frente. Começámos a andar para a cidade, seguros após essas palavras santas. Dentro dela entramos sem a menor luta e eu, que desejava ver a condição dos que encerrava aquela fortaleza, assim que entrei, olhei em torno e por todo o lado vi extenso campo cheio de dor e de ímpios tormentos. Tal como Arles, onde o Ródano estagna, ou como em Pola, perto do Quarnero, que fecha a Itália e os seus limites banha, os sepulcros semeiam a planura de pequenas montes, assim também aqui por toda a parte se espalhavam, sendo diversa apenas a sua aparência, mais triste, pois entre os túmulos brilhavam as chamas, que abrasantes as cercavam, mais que o ferro em qualquer arte de forja. Todas as suas lajes estavam levantadas e ouviam-se fora lamentos tão terríveis que bem se percebia provirem de miseráveis condenados.

E eu disse: «Mestre, quem é aquela gente que, sepultada nessas rumbas, solta tais lamentos doloridos?» E ele tornou: «Ali estão os heresiarcas e os seus sequazes de todas as seitas, e bem mais cheias estão as tumbas do que pensas. Cada um aqui está sepultado com seus semelhantes e sepulturas há que mais que outras ardem.» Depois para a direita se voltou e passamos entre os mártires e as altas muralhas.





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