Madame Bovary - Cap. 12: III Pág. 103 / 382

Finalmente, Emma recordou-se de ter ouvido a marquesa, no palácio de Vaubyessard, chamar Berthe a uma jovem; a partir de então ficou escolhido esse nome e, como o Tio Rouault não podia vir, o Sr. Homais foi convidado para padrinho. Deu uma prenda toda composta de produtos do seu estabelecimento, a saber: seis caixas de jujuba, um frasco inteiro de fécula alimentícia, três pacotes de pasta de alteia e, além disso, seis embalagens de açúcar cristalizado que encontraram dentro de um arário. No dia da cerimónia houve um grande jantar; convidou-se o padre; toda a gente se excitou. O Sr. Homais, quando começaram a servir os licores, entoou o Deus dos Bons. O Sr. Léon cantou uma barcarola, e a Sr." Bovary avó, que era a madrinha, uma romança do tempo do Império; finalmente, o Sr. Bovary avô exigiu que fossem buscar a criança e pôs-se a baptizá-la com uma taça de champanhe que lhe despejou no alto da cabeça. Esta zombaria com o primeiro dos sacramentos indignou o padre Bournisien; o velho Bovary respondeu com uma citação de A Guerra dos Deuses; o cura quis retirar-se; as senhoras suplicaram-lhe que não se fosse embora; Homais meteu-se no meio; e lá conseguiram que o eclesiástico voltasse a sentar-se, pegando de novo, tranquilamente, na chávena e no pires, para beber o resto do seu café.

O velho Bovary demorou-se ainda um mês em Yonville, onde deslumbrou os habitantes com um soberbo boné de polícia agaloado de prata, que usava de manhã, para fumar o seu cachimbo na praça. Como tinha o hábito de beber muita aguardente, muitas vezes mandava a criada comprar-lhe uma garrafa no Leão de Ouro, que era acrescentada à conta do filho; e gastou, para perfumar os seus lenços de pescoço, toda a reserva de água-de-colónia da nora.





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