II Emma foi a primeira a apear-se, depois Félicité, o Sr. Lheureux e uma ama de leite, e tiveram de acordar Charles, que, a um canto, adormecera completamente mal se fizera noite.
Homais apresentou-se; dirigiu os seus cumprimentos à senhora e gentilezas ao marido, disse que se sentia muito honrado de ter podido ser-lhes de alguma utilidade e acrescentou em tom cordial que ousara convidar-se a si mesmo, tanto mais que tinha a sua mulher ausente.
A Sr. Bovary, logo que chegou à cozinha, aproximou-se da chaminé.
Com as pontas dos dedos levantou o vestido até à altura do tornozelo e estendeu para a chama, por baixo da perna de carneiro que girava no espeto, o pezinho calçado com uma batina preta. A luz crua do fogo, atravessando a trama do vestido, iluminava-lhe em cheio os poros regulares da pele branca, e até as pálpebras, com as quais de vez em quando pestanejava. Conforme soprava o vento que entrava pela porta entreaberta, assim incidia sobre ela um forte clarão vermelho.
Do outro lado da chaminé, um rapaz de cabeleira loura observava-a silenciosamente.
Como se aborrecia bastante em Yonville, onde era escriturário do taoelião Guillaumin, o Sr. Léon Dupuis (era ele o segundo cliente do Leão de Ouro) costumava retardar a hora da refeição, na esperança de que chegasse à estalagem algum viajante com quem conversar ao serão. Nos dias em que acabava cedo a sua tarefa, não sabendo o que fazer, era obrigado a apresentar-se à hora exacta e suportar, desde a sopa até ao queijo, a conversa com Binet. Foi portanto com alegria que aceitou a proposta da estalajadeira para jantar na companhia dos recém-chegados, e instalaram-se todos na sala grande, onde a Sr." Lefrançois, por ostentação, mandara pôr os quatro talheres.