Emma acompanhava-o sempre até ao primeiro degrau do alpendre.
Enquanto não traziam o cavalo, ela ficava ali. Tendo-se já despedido, não voltavam a falar; o ar livre envolvia-a, agitando-lhe os cabelinhos rebeldes da nuca, ou sacudindo-lhe sobre os quadris os cordões do avental, que se retorciam como bandeirolas. Uma vez, num dia de degelo, a casca das árvores escorria água no pátio e a neve derretia-se nos telhados. Ela estava à porta; foi buscar uma sombrinha e abriu-a. A sombrinha, de seda cor de papo de rola, atravessada pelo sol, iluminava-lhe com reflexos móveis a alva pele do rosto. Emma sorria, sob o cálido conforto daquele abrigo; e ouviam-se as gotas de água, uma a uma, cair na seda esticada.
Nos primeiros tempos em que Charles frequentava os Bertaux, a Sr. Bovary não deixava de perguntar pelo doente, e mesmo no livro que escriturava em partidas dobradas escolhera para o Tio Rouault uma bela página em branco. Mas, quando soube que ele tinha uma filha, foi-se informar; e ficou a saber que a menina Rouault, educada num convento, com as irmãs Ursulinas, recebera, como se dizia, uma educação esmerada e, portanto, sabia dança, geografia, desenho, fazia tapeçarias e tocava piano. Era o cúmulo!
«É então por isso», pensou ela, «que ele se mostra tão radiante quando a vai ver e veste o colete novo, arriscando-se a estragá-lo com a chuva? Ah!, essa mulher!, essa mulher!.