O coração de Emma palpitou um pouco quando, conduzida pelas pontas dos dedos do seu cavalheiro, se foi colocar em linha, à espera do sinal do violino para a partida. Mas logo a emoção desapareceu; e, balançando-se ao ritmo da orquestra, deslizava para a frente, com ligeiros movimentos do pescoço. Assomava-lhe um sorriso aos lábios quando ouvia certos requebros do violino, que algumas vezes tocava em solo, quando os restantes instrumentos se calavam; ouvia-se o límpido tinir dos luíses de ouro lançados nas mesas de jogo, ao lado; depois tudo recomeçava ao mesmo tempo, a trompa de pistões soltava uma descarga sonora, os pés acertavam o passo, as saias rufavam-se e roçagavam, davam-se as mãos e voltavam a deixar-se; os olhares desviavam-se agora, para logo se fixarem de novo.
Alguns homens (cerca de uns quinze), de vinte e cinco a quarenta anos, espalhados entre os dançarinos ou conversando à entrada das portas, distinguiam-se dos restantes por um certo ar de família, qualquer que fosse a diferença de idade, de indumentária ou de fisionornia.
As casacas, mais bem feitas, pareciam de um melhor tecido e os cabelos, puxados em caracóis para os lados da testa, lustrados com pomadas mais finas, Tinham o tom de pele da riqueza, esse tom branco que é realçado pela palidez das porcelanas, as ondulações de cetim, o verniz dos belos móveis, e é mantido na sua pureza por um regime discreto de alimentos raros.