Trouxeram-no para defronte da escadaria e, depois de acomodada toda a bagagem, o casal Bovary apresentou os seus agradecimentos ao marquês e à marquesa e regressou a Tostes.
Emma, em silêncio, observava o movimento das rodas. Charles, sentado na extremidade da banque ta, guiava com os braços afastados um para cada lado e o cavalito seguia a furta-passo entre os varais, que eram demasiado largos para ele. As rédeas bambas batiam-lhe na garupa, molhando-se de escuma, e a mala, amarrada na traseira do veículo, dava contra a carroçaria grandes pancadas regulares.
Haviam chegado às alturas de Thibourville quando, subitamente, diante deles, passaram cavaleiros a rir, de charuto na boca. Emma julgou reconhecer o Visconde: voltou-se e, no horizonte, apenas distinguiu o movimento das cabeças subindo e descendo, segundo a cadência desigual do trote ou do galope.
Um quarto de légua mais adiante foi necessário parar para consertar, com uma corda, a retranca que se partira.
Então Charles, dando aos arreios uma última vista de olhos, viu qualquer coisa no chão, entre as patas do cavalo; e apanhou uma charuteira toda bordada a seda verde, com um brasão ao centro, como a portinhola de uma carruagem.
- Até tem dois charutos dentro - disse ele. - Vão ser para esta noite, depois do jantar.
- Então tu fumas? - perguntou ela.
- Às vezes, quando se oferece a oportunidade. Enfiou o achado no bolso e chicoteou o poldro.
Quando chegaram a casa, não estava o jantar pronto. A senhora exaltou-se. Nastasie respondeu insolentemente.
- Ponha-se a andar! - exclamou Emma. - Isso é fazer troça. Está despedida.
Para o jantar havia sopa de cebola, com um pedaço de vitela com azedas. Charles, sentado defronte de Emma, disse, esfregando as mãos com um ar de felicidade:
- Que bom que é estarmos na nossa casa!
Ouvia-se Nastasie chorar.