Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 
> > > Página 24

Capítulo 8: CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes

Página 24
Uma mulher de honra pode ser violada uma vez, mas a sua virtude fortalece-se.

«O judeu, para me conquistar, trouxe-me para esta casa de campo em que estamos agora. Julgara até então que nada havia no mundo que fosse tão belo como o castelo de Thunder-ten-tronckh, mas estava enganada, tenho de o reconhecer.

«O inquisidor-mor viu-me um dia na missa. Mirou-me muito e mandou-me dizer que me queria falar acerca de um assunto particular. Fui levada ao seu palácio, falei-lhe do meu nascimento e ele fez-me ver quanto era desonroso para mim pertencer a um israelita. Propuseram da sua parte a D. Issacar ceder-me a Monsenhor. Mas D. Issacar, que é o banqueiro da corte e homem de fortuna, recusou a proposta. O inquisidor ameaçou-o com um auto-de-fé; e o meu judeu, intimidado, concluiu com ele um negócio em virtude do qual a casa e eu pertenceríamos, em comum, a ambos, dispondo o judeu das segundas, quartas e sábados e o inquisidor dos restantes dias da semana.

«Há seis meses que esta convenção subsiste, não sem algumas discussões, porque muitas vezes é indeciso se a noite de sábado para domingo pertence à antiga lei ou à nova. Quanto a mim, até agora, tenho resistido a ambos, e creio que é essa a razão de ser ainda amada por eles.

«Enfim, para afastar o flagelo dos tremores de terra e intimidar D. Issacar, aprouve a Monsenhor, o inquisidor, mandar celebrar um auto-de-fé. Tive a honra de ser convidada e deram-me um lugar esplêndido. Entre a missa e a execução serviram refrescos às damas. Fiquei, na verdade, horrorizada quando vi queimar os dois judeus e o biscainho que tinha casado com a comadre, mas foi tal a minha surpresa, o meu horror e a minha perturbação quando vi, dentro de um sambenito e com uma mitra na cabeça, uma figura que se assemelhava à de Pangloss, que esfreguei os olhos, fixei o olhar e desmaiei quando o vi ser enforcado.

<< Página Anterior

pág. 24 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro Cândido
Páginas: 118
Página atual: 24

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1
CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4
CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7
CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10
CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14
CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18
CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20
CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23
CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27
CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29
CAPÍTULO XI - História da velha 32
CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36
CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40
CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43
CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47
CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50
CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54
CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58
CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64
CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70
CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73
CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75
CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87
CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89
CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94
CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100
CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104
CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108
CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111
CAPÍTULO XXX – Conclusão 113