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Capítulo 11: CAPÍTULO XI - História da velha

Página 34
Era um negro abominável, que, ainda por cima, julgava dar-me grande honra ao fazê-lo. Certamente, seria preciso que a princesa de Palestrina e eu fôssemos muito fortes para podermos resistir a tudo quanto sofremos até chegarmos a Marrocos. Mas passemos adiante; são coisas tão vulgares que não vale a pena falar delas.

«Marrocos nadava em sangue quando aí chegámos. Cada um dos cinquenta filhos do imperador Mulei Ismael tinha o seu partido, o que ocasionava, com efeito, cinquenta guerras civis, de negros contra negros, de negros contra mestiços, de mestiços contra mestiços, de mulatos contra mulatos. Era uma carnificina constante em toda a extensão do império.

«Mal desembarcámos, logo os negros de uma facção contrária à do nosso corsário apareceram para lhe tirar a presa. Nós eramos, depois dos diamantes e do ouro, o que havia de mais precioso. Fui então testemunha de um combate como nunca poderíeis ver nos climas da Europa. Os povos setentrionais não têm o sangue bastante ardente. Não são tão sensuais como os povos da África o são normalmente. Os Europeus parecem ter leite nas veias, enquanto o que corre nas veias dos habitantes do monte Atlas e dos seus vizinhos parece ser vitríolo ou mesmo fogo.

«Combateu-se com o furor dos leões, dos tigres e das serpentes do país, para se saber a quem iríamos pertencer. Um mouro agarra minha mãe pelo braço direito, o lugar-tenente do meu capitão segura-a pelo esquerdo, outro soldado mouro agarra-a por uma perna e um dos piratas pela outra. As nossas raparigas vêem-se quase todas num momento agarradas por quatro soldados simultaneamente. O meu capitão conservava-me escondida atrás dele. Com a cimitarra na mão, matava todos os que se atreviam a enfrentá-lo.

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pág. 34 (Capítulo 11)

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Capa do livro Cândido
Páginas: 118
Página atual: 34

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1
CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4
CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7
CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10
CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14
CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18
CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20
CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23
CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27
CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29
CAPÍTULO XI - História da velha 32
CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36
CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40
CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43
CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47
CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50
CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54
CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58
CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64
CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70
CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73
CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75
CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87
CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89
CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94
CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100
CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104
CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108
CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111
CAPÍTULO XXX – Conclusão 113