Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 18: Capítulo 18

Página 168

Hermengarda contemplava-o com assombro e terror... Como o entenderia ela? Eurico prosseguiu:

— Olha tu! Ao pôr do Sol, no Estio, ia eu assentar-me sobre um cerro marítimo, alongando a vista pelo oceano tranquilo, e parecia- -me divisar-te desenhada na atmosfera, a sorrir-me. Então, as lágrimas de felicidade começavam a brotar-me dos olhos: depois, lembrava-me de quem eu era, e essas lágrimas condensavam-se a meio das faces e queimavam como se fossem metal candente. A horas mortas, correndo pelos desvios, quando o vento açoutava os arbustos enfezados da montanha, cada sombra que se meneava ao luar, sobre o chão pardacento, era a tua sombra que eu via. Outras noites, em que mais tranquilo podia, a sós comigo, engolfar-me nos pensamentos de Deus, a tua imagem vinha interpor-se entre mim e a lâmpada mortiça que me alumiava, e o hino do presbítero de Carteia, que devia, talvez, escrever-se nos hinários das catedrais da Espanha, ficava incompleto ou terminava por uma blasfémia; porque também te via sorrir, mas a outrem, mas a homem feliz com o teu amor, e eu tinha então sede... sede de sangue... Era uma lenta agonia! E sempre tu ante mim: nas solidões das brenhas, na imensidade das águas, no silêncio do presbitério, nos raios esplêndidos do Sol, no reflexo pálido da Lua e, até, na hóstia do sacrifício... sempre tu!... e sempre para mim impossível!

— Mas deliras!.. — interrompeu Hermengarda. — Que tens tu com o presbítero de Carteia; com esse ilustre sacerdote, cujos hinos sacros reboavam ainda há pouco pelos templos da Espanha, e a quem, decerto, o ferro ímpio dos árabes não respeitou!? A tua glória é outra e mais bela; a glória de seres o vencedor dos vencedores da Cruz. A sua era santa e pacífica. Deus chamou-o para si, e tu vives para ser meu. Ninguém existe hoje no mundo que possa embaraçá-lo. Esquece o passado; esquece-o por amor de mim! O cavaleiro sorriu de novo dolorosamente, e disse-lhe:

<< Página Anterior

pág. 168 (Capítulo 18)

Página Seguinte >>

Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 168

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176