Eurico, o Presbítero - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 19 / 186

Por isso, enquanto eles voltavam as costas à tua Cruz ou a lançavam de envolta com os ídolos nos seus mesquinhos larários, nós quebrávamos no fundo das selvas ou no topo das montanhas as imagens de Odin, de Tor e de Freda e corríamos a abraçarmo-nos com ela.

Tem compaixão de nós, oh Cristo: lembra-te de que os ossos dos que assim o fizeram ainda não são inteiramente cinzas debaixo das lousas; porque só quatro séculos têm passado por cima deles.

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Quem é hoje cristão e godo nesta nossa terra de Espanha?

Uma geração degenerada pisa os restos de heróis: homens sem crença, blasfemos ou hipócritas, sucederam aos que criam na grandeza moral do género humano e na providência de Deus.

Dantes, os príncipes do povo eram os capitães das hostes: a espada dos reis a primeira que se tingia no sangue dos inimigos da pátria.

Dantes, o sacerdote era o anjo da terra: os que passavam curvavam-se para beijar a fímbria da sua estringe; porque a paz e a esperança entravam em todas as moradas sobre que desciam as bênçãos dele.

Dantes, o juiz era o pai do oprimido, o tribunal o abrigo do inocente, a justiça o nervo do Império Gótico.

Dantes, nos conselhos dos prelados, dos nobres, dos homens livres, as leis iam buscar a sanção da sabedoria e aferir-se pela utilidade comum.





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