Eurico, o Presbítero - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 45 / 186

Ainda os homens abençoavam o presbítero, e já a consciência lhe bradava, a todos os momentos: condenação para a tua alma!

Quando o céu é um deserto para a esperança, onde a acharei na terra? Que pode hoje embriagar-me, senão uma festa de sangue?

Já me teria assentado a esse frenético banquete nas guerras civis se ainda não vivesse em mim o sentimento moral, sentimento irreflexivo, último, todavia, que se desvanece naquele que por largos anos viveu vida pura de crimes. Mas, sem crime, se pode assentar a ele um desgraçado como eu ao chamar por nós todos, no meio de um grande perigo, a terra de que somos filhos.

Teodemiro, breve virá, talvez, o dia em que vejas que o braço do gardingo não enfraqueceu debaixo das roupas do presbítero; em que ele te prove que a mortiça cor de uma negra armadura pode ser tão bela ao sol das batalhas como as couraças e os elmos resplandecentes de nobres guerreiros: que franquisque grosseiro de um obscuro soldado pode contribuir para a vitória como a perícia militar de capitão famoso. Oxalá que, entretanto, seja verdade o que dizes! Oxalá que eu me enganasse, e que a traição não tenha tornado inúteis a inteligência e o braço do homem para salvar as Espanhas!

 





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