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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 52

Diante desta cidade imensa e movediça, os esquadrões dos muçulmanos, divididos por famílias e raças, estavam firmes e cerrados em frente de seus pendões, que os alféreces, montados em ginetes possantes, sustinham erguidos na retaguarda de cada tribo. Os raios matutinos faziam alvejar os turbantes e cintilavam nos ferros das lanças que os cavaleiros tinham em punho, e os leves escudos orbiculares, que os compridos saios de malha pareciam tornar inúteis, embraçados já para o combate, brilhavam com as suas cores vivas e variadas à claridade serena do romper do dia.

Os esquadrões árabes eram a flor do exército de Táriq; mas a catadura selvagem dos africanos seus aliados, neófitos do islamismo, produzia, porventura, mais temor do que o aspecto deles. Torvos e ferozes eram o gesto e os meneios destes homens sem disciplina, cujas paixões se lhes pintavam nos rostos tostados e rugosos, nos olhos banhados de fel e orlados de sangue, e de cuja bruteza e miséria davam testemunho os manguais que lhes serviam de armas (armas terríveis, com que abolavam os elmos mais reforçados) e a hediondez dos seus albornozes pardos, imundos e despedaçados. Tudo, enfim, neles contrastava com as armas brilhantes, com os ricos trajos e com os vultos majestosos dos cavaleiros do Oriente, que, conservando-se em silêncio e imóveis, pareciam desprezar as tribos bereberes de Zeneta, de Masmuda, de Zanhaga, de Quetama e de Hoara, que formavam as alas e que, brandindo as rudes armas, com gritos medonhos se apelidavam para a batalha.

Tal era o espectáculo que oferecia o exército dos muçulmanos. Defronte dele, a hoste goda apresentava os maciços profundos dos seus soldados, cobrindo, como grossa muralha de metal reluzente, a margem esquerda do rio. Rodeado dos mais ilustres guerreiros, Roderico estava no centro das tiufadias formadas pelos espadaúdos soldados da Lusitânia setentrional e da Galécia, em cujas feições se divisava ainda que descendiam dos indomáveis Suevos. Unidos com eles sob os pendões reais, estavam os guerreiros veteranos da Narbonense, habituados a cruzar diariamente as espadas com os orgulhosos francos, que estanciavam pelas Gálias, além das fronteiras do império.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 52

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176