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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 51

Então, os melhores cavaleiros godos, curvando-se para diante, com o franquisque erguido, corriam para as pontes, vergadas debaixo do peso dos cavalos e dos homens cobertos de armaduras, e vinham bater em cheio nos corredores árabes, que, no meio das trevas, não podiam esquivar-se aos golpes do ferro inimigo. Já, nas bocas de algumas dessas estradas movediças, os cadáveres amontoados começavam a embargar os passos dos vivos; mas por outras, onde os árabes ainda mal ordenados e menos numerosos não tinham podido resistir ao ímpeto dos godos, golfavam torrentes de guerreiros, que, marchando unidos para uma e outra parte, acometiam de lado os árabes, os quais, feridos pela frente e pelas costas, vacilavam e retrocediam. Debalde a voz retumbante de Táriq sobrelevava por cima dos gritos de furor e de agonia de muçulmanos e cristãos. O número dez vezes maior dos godos tornava impossível a resistência, e a passagem do exército de Roderico para a margem esquerda do Chrysus só Deus a poderia impedir.

Era quase manhã quando o capitão árabe se desenganou da inutilidade de se opor por mais tempo à passagem dos inimigos. As tiufadias godas achavam-se pela maior parte na campina onde se deviam resolver os destinos da Espanha, e bem que a este tempo todo o exército do Islame estivesse já em ordem de pelejar, a noite dava grande vantagem aos godos, cuja cavalaria, coberta de armas defensivas mais sólidas que as dos árabes, resistia facilmente aos cavaleiros do deserto, para quem a maior ligeireza e o mais destro modo de acometer eram baldados no meio das trevas. A um sinal das trombetas os esquadrões muçulmanos começaram a recuar e, alongando-se pela frente do acampamento, esperaram o romper do dia, enquanto o exército godo acabava de transpor o rio e vibrava milhares de frechas perdidas para o lado onde os capilhares alvíssimos dos árabes branquejavam à luz duvidosa do céu recamado de estrelas.

Quando o Sol, rompendo detrás dos outeiros de Segôncia, veio com o seu clarão avermelhado inundar as veigas do Chrysus, o espectáculo que elas ofereciam era variado e sublime. De um lado as tendas dos árabes, derramadas pelas raízes dos montes e pelos cimos dos outeiros, podiam comparar-se ao acampamento das tribos do deserto, que, emprazadas à voz do profeta, se houvessem ajuntado num ponto único das solidões onde vagueiam.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 51

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176