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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 64

Roderico, pela sua parte, tinha posto na vanguarda as tiufadias vitoriosas de Teodemiro, os cavaleiros da Cantábria guiados pelo moço Pelágio, filho de Fávila, que sucedera a seu pai no governo daquela província, e, finalmente, os guerreiros escolhidos da Lusitânia e da Galécia, que ele próprio capitaneava. Como Táriq, o rei godo colocara de um e de outro lado da hoste apinhada os frecheiros e fundibulários selvagens do Hermínio e os montanheses vascónios, antiga raça de celtas, irmãos em linhagem, em valor, em crueza, em armas e em costumes. Na retaguarda estavam os soldados da província cartaginense que não tinham seguido o exemplo dos trânsfugas por andarem derramados em outros lugares ou, talvez, porque, não corrompidos, guardavam ainda no coração vestígios de amor da pátria.

Ao amanhecer, cada um dos capitães inimigos viu com assombro que a mesma traça de guerra de que pretendera valer-se para obter a vitória ocorrera à mente do seu adversário. Era, porém, tarde para alterar a ordem da batalha. Ao mesmo tempo as trombetas godas e os anafis árabes deram o sinal do combate, e o grito de «Cristo e avante!» confundiu-se em estampido medonho com o brado de «Allah hu Acbar!» — o brado de guerra dos pelejadores sarracenos.

O chão pareceu afundir-se com o encontro daquelas duas mós enormes de homens armados, e o eco dos botes das lanças nos escudos convexos e nas armas sonoras dos cavaleiros repercutiu nas encostas fronteiras e desvaneceu-se ao longe, murmurando entre as quebradas. Desde o primeiro embate, não mais fora possível distinguir os exércitos travados como dois lutadores furiosos. Eram um vulto só, indelineável, monstruoso, imenso, cujo topo ondeava, semelhante ao de canavial movido pelo vento, cujos contornos indecisos se agitavam, torciam, alargavam, diminuíam, oscilavam, como tapete de nenúfares sobre marnel revolto pelo despenhar das torrentes. Nuvens de setas sibilavam nos ares; as espadas sarracenas cruzavam- se com as espadas godas: a cateia teutónica ia, zumbindo, abrir fundos regos nas fileiras árabes, e os membros ossudos dos peões lusitanos e cântabros estouravam debaixo das pancadas violentas dos manguais da peonagem mourisca.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 64

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176