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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 73

Seguiam-na alguns pajens desarmados, cujos rostos imberbes já o temor e o desalento que se pintavam em todos os semblantes nesta época desastrada haviam sulcado de rugas. Vadeado o rio, a cavalgada encaminhou-se por uma senda tortuosa que ia dar à entrada do mosteiro, aonde, ao que parecia, desejavam chegar antes que de todo se fechasse a noite. Ao aproximar-se aquela comitiva, os vigias conheceram que eram godos — provavelmente alguns desgraçados que vinham buscar o abrigo daqueles muros fortificados — e as grossas portas não tardaram a abrir-se para recolherem mais esses pobres fugitivos.

Apenas os recém-chegados, atravessando o átrio do fundo portal, saíram à cerca interior, o que parecia mais autorizado entre os velhos cavaleiros pediu para falar a sós com Atanagildo. Levado o ancião à torre onde o quingentário habitava, não tardou este em descer à cerca, no meio da qual, ainda a cavalo e sem erguer o véu, a dama desconhecida esperava rodeada dos seus. Com todos os sinais de respeito, Atanagildo dirigiu-lhe algumas palavras em voz submissa e, tomando a rédea do palafrém, guiou-o para uma porta contígua ao frontispício da igreja. A um sinal seu a porta abriu-se, e um vulto negro de monja apareceu no limiar dela.

O quingentário, tomando pela mão a desconhecida e apresentando- a à monja, disse-lhe:

— Venerável Cremilde, acolhei entre as puras virgens que vos obedecem uma das mais nobres donzelas de Espanha: é por uma noite, apenas, que ela vos pede abrigo; amanhã ao romper de alva partirá para Légio.

— Amanhã ou depois, que importa? — replicou a monja, cujo semblante austero descobria, não tanto a decadência dos anos, como os vestígios da penitência: — Enquanto Cremilde reger o Mosteiro da Virgem Dolorosa, nunca a hospitalidade será recusada nele ao que a implorar. E quando a virtude de nobre donzela tiver um fiador tal como vós, esta achará sempre em mim o carinho de mãe, e nas escolhidas do Senhor, que me alevantaram do meu nada ao tremendo ministério de sua abadessa, encontrará o amor e o gasalhado de irmãs para com irmã querida.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 73

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176