Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: Capítulo 12

Página 74

Dizendo isto, a boa abadessa tomou pela mão a desconhecida e, internando-se com ela pelas arcadas que diziam para o interior do edifício, alumiadas escassamente pelas lâmpadas turvas que de espaço a espaço pendiam das abóbadas achatadas, desapareceu aos olhos de Atanagildo.

A noite vai no seu fim: a campa do mosteiro dá o sinal do terceiro nocturno. Subitamente, o santuário ilumina-se, e os vidros multicores jorram nas trevas externas a claridade dos candelabros e tochas, como de dia deixam transudar a luz do Sol no âmbito interior da igreja; esto perpétuo de resplendores, que ora descem do céu para a terra, ora tentam, subindo da terra para as alturas, desfazer o manto das trevas. Numa extensa fileira, a cuja frente vem a venerável Cremilde, as monjas entram no coro e, tomando para um e outro lado, param voltadas para o altar. Junto da abadessa uma donzela de trajes brancos sobressai entre as monjas vestidas de negro, não tanto pela alvura das roupas, como pela formosura: e todavia, são formosas muitas das virgens que a rodeiam, pela maior parte ainda no viço da vida. É a nobre dama recém chegada, à qual nem o cansaço de trabalhosa jornada, nem o hábito dos cómodos do mundo puderam impedir acompanhasse na oração aquelas que o trato de poucas horas já lhe fazia amar como irmãs. Cremilde prostra-se com a face no chão; as monjas e a dama vestida de branco seguem o seu exemplo. Através desses lábios inocentes que beijam o pavimento do templo murmuram durante alguns instantes as orações submissas. Depois, a abadessa ergue-se, e pouco a pouco aqueles semblantes, que cobre uma palidez de inefável repouso e brandura, vão-se alevantando da terra, com os olhos voltados para o céu, semelhantes aos de anjos de mármore ajoelhados em roda de um túmulo, que surgissem pouco a pouco animados por vida repentina e, cheios de saudade da morada celeste, enviassem aos pés do Senhor o seu primeiro suspiro. Então a salmista começa a entoar um dos hinos sacros do presbítero de Carteia que havia pouco se tinham introduzido no ritual gótico, e as demais monjas respondem em coros alternos. O hino dizia assim:

<< Página Anterior

pág. 74 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 74

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176