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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 79

— Dize-lhes — atalhou o quingentário, cujos olhos faiscavam de indignação — que eu respeito a vida de um arauto, ainda quando este é um miserável renegado, como tu ou como eles, aliás não fora Suíntila quem lhes levaria a minha resposta. Dize-lhes que as suas infames ofertas são para mim tão abomináveis como eles. Dize-lhes que antes de um sacerdote sacrílego e de um conde traidor poderem estampar o ferrete da prostituição na fronte das inocentes virgens do Senhor terão de passar por cima das ruínas destes muros e dos cadáveres dos meus e dos seus soldados. E tu, renegado, sai daqui! Possa eu nunca mais ver-te o rosto e esquecer- -me na hora de morrer de que nessas veias gira o sangue de nossos nobres e generosos avós.

— Como te aprouver, meu irmão! — replicou Suíntila, e um sorriso lhe deslizou nos lábios, descorados por mal disfarçada cólera. Proferidas estas palavras, desceu as escadas da torre.

A cavalgada, que lenta subira a encosta, descia-a rapidamente enquanto Atanagildo, visitando os muros, exortava os guerreiros da Cruz a pelejarem esforçadamente. Quando estes souberam quais eram as intenções dos árabes acerca das virgens do mosteiro, a atrocidade do sacrilégio afugentou-lhes dos corações a menor sombra de hesitação. Sobre as espadas juraram todos combater e morrer como godos. Então o quingentário, a quem parecia animar sobrenatural ousadia, correu ao templo. Era necessário que as monjas soubessem qual futuro as aguardava. Resignado a acabar defendendo-as, Atanagildo nem por isso esperava salvá-las das mãos dos agarenos. Dolorosa era a nova; mas cumpria não lhes esconder o seu horrível destino.

As mulheres e os velhos que tinham vindo buscar asilo no mosteiro enchiam já o templo, em cujas abóbadas murmuravam e repercutiam os gemidos e as preces. Rompendo pela multidão, o quingentário encaminhou-se para o coro e chamou por Cremilde, que com as monjas acompanhava o povo nas suas orações fervorosas. A abadessa aproximou-se das reixas douradas que a separavam do guerreiro.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 79

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176