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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 80

— Cremilde — disse Atanagildo em voz baixa —, é necessário valor! Dentro de poucas horas sobre os muros do Mosteiro da Virgem Dolorosa estará hasteado o pendão dos infiéis, e eu terei deixado de existir, porque jurei sobre a cruz desta espada ficar sepultado debaixo das ruínas dele. O exército dos árabes é irresistível, e a única esperança que me resta é que o Senhor aceitará o meu sangue, derramado em seu nome, como um testemunho da minha fé.

— Os infiéis — acudiu a abadessa, procurando dar às palavras que proferia um tom de firmeza que o trémulo da voz lhe desmentia — contentar-se-ão, talvez, com as riquezas aqui amontoadas imprudentemente e com a posse destes lugares. Se é isto o que pretendem, saiamos e cedamos ao culto ímpio de Mohammed o templo de Deus vivo, já que para o salvar seria inútil todo o sangue que se vertesse. Com as virgens esposas do Senhor buscarei os ermos das serras do Norte, e, como as monjas primitivas, aí acharemos a paz e o repouso, enquanto o pai celestial nos não chama à nossa verdadeira pátria.

— Prouvera a Deus, venerável Cremilde — tornou o quingentário —, que nos fosse lícito desamparar estes muros: deixar só entregues às profanações dos infiéis a pedra e o cimento! Mas uma atroz mensagem acaba de me ser mandada por quem, como eu, devia horrorizar-se dela. Repeli-a, porque se me ofereciam vida e honras a troco de perpétua infâmia. Agora resta-me unicamente morrer como godo e como soldado da Cruz.

— E qual era essa mensagem? — perguntou a abadessa ansiosamente. — Em nome de quem vinha ela?

— Do bispo de Híspalis e do conde de Septum; de um sacerdote e de um nobre. O preço da nossa liberdade era a prostituição das vossas filhas queridas, das monjas consagradas à Virgem Dolorosa, que esses mal-aventurados destinam para saciar as paixões brutas daqueles a quem venderam a terra de Espanha. Para o obter cumpre-lhes, porém, passar por cima dos membros despedaçados dos guerreiros que povoam estas muralhas. Pela Cruz assim o juramos todos. Havemos de cumpri-lo.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 80

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176