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Capítulo 13: Capítulo 13

Página 95

— Gutislo! — bradou um dos cavaleiros, cujo elmo se distinguia dos demais, porque era o único em cuja superfície negra e baça não reverberava o clarão avermelhado dos carvões acesos que ainda restavam de uma grande fogueira, junto da subida íngreme que guiava à caverna.

Um homem agigantado e de fera catadura saiu da choupana murmurando sons mal articulados e que pareciam de agastamento. Dos recém-vindos os principais começaram a subir vagarosamente a senda fragosa que tinham ante si, enquanto Gutislo recolhia os ginetes, que mal se podiam menear de cansados, e os simples bucelários se derramavam pelas tendas erguidas junto dos penhascos.

Os cavaleiros chegaram ao topo da subida. A caverna de Covadonga, o palácio do duque de Cantábria, estava patente. Da esquerda, em vasta lareira, ardia um grosso cepo de sobreiro, que conservava tépida e enxuta a atmosfera, naturalmente fria e húmida; da direita, pelas quebras angulosas das rochas, viam-se deitados capacetes, saios de malha e muitas armas ofensivas. Escabelos grosseiros, mesas de carvalho e alguns leitos de peles de animais silvestres, amontoadas sobre a cortiça que servia de pavimento, completavam o adereço daquele rude aposento. Todavia, as armas polidas, ordenadas em feixes, e as estalactites seculares, penduradas do tecto, reverberando o clarão da fogueira, davam ao topo da lapa um aspecto esplêndido, que de algum modo assemelhava esta habitação de feras a uma sala de armas de paços afortalezados.

É alta noite: os cavaleiros que haviam acompanhado Pelágio dormem profundamente, estirados nos pobres leitos da gruta. Quem ouvisse os nomes desses rudes soldados saberia quais eram os restos da mais ilustre nobreza goda: eram muitos daqueles que, havia poucos meses, nos paços magníficos de Toletum passavam as noites em festas, os dias em banquetes e que, depois de existência deleitosa, esperavam ir dormir, sob as arcarias das criptas das catedrais, nos túmulos soberbos de seus avós. E, todavia, a conquista reduziu-os à vida de bárbaros e fê-los retroceder aos costumes duros e ferozes dos companheiros de Teodorico.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 95

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176