Mas a Ideia quem é? quem foi que a viu
Jamais, a essa encoberta peregrina?
Quem lhe beijou a sua mão divina?
Com seu olhar de amor quem se vestiu?
Pálida imagem que a água de algum rio,
Reflectindo, levou… incerta e fina
Luz que mal bruxuleia pequenina…
Nuvem que trouxe o ar… e o ar sumiu…
Estendei, estendei-lhe os vossos braços,
Magros da febre de um sonhar profundo,
Vós todos que a seguis nesses espaços!
E, entanto, ó alma triste, alma chorosa,
Tu não tens outra amante em todo o mundo
Mais que essa fria virgem desdenhosa!
VI
Outra amante não há! não há na vida
Sombra a cobrir melhor nossa cabeça…
Nem bálsamo mais doce que adormeça
Em nós a antiga, a secular ferida!
Quer fuja esquiva, ou se ofereça erguida