Sim, monge! triste e só - porque o devora
A vaga nostalgia do deserto;
E vela a noite, e vai sempre desperto
A olhar de que banda venha a aurora.
Padre… o Espírito! o que anda em nós [- o auguro,
Que n’alma traça o círculo divino;
A Cumana, que em verso sibilino
Dita aos homens os cantos do futuro.
Vós, Poetas, vós sois também sibilas,
Que adivinhais e andais com voz fremente
Sempre a gritar – avante! avante! à gente,
Por cidades, por montes e por vilas.
Vós sois os pregadores do Ideal,
Que lançais a palavra aos quatro ventos:
A tribo de Levi, que em mil tormentos
Guarda a Arca, dos filhos de Baal.
Sim, Padre! o poeta crente, que alevanta,
Como hóstias, as almas para os céus!
O pregador, que fala, enquanto Deus
Lhe arma de corações tribuna santa.