Sabeis vós o que faz aqui o Homem?
Fronte que banha a luz - e olhar que fita
Quanta beleza a imensidão rodeia!
Da geração dos seres infinita
Mais pura forma e mais perfeita ideia!
No vasto seio um mundo se lhe agita…
E um sol, um firmamento se incendeia
Quando, ao clarão da alma, em movimento
Volve os astros do céu do pensamento!
E, entanto, ó largo mundo, que domina
Seu espírito imenso! ele é mesquinho
Mais que a ave desvalida e pequenina,
A que o vento desfez o estreito ninho!
Quanto mais vê da esfera cristalina
Mais deseja, mais sente o agudo espinho…
E o círculo de luz da alma pura
É um cárcere, apenas, de tortura!
Um sonho gigantesco de beleza
E uma ânsia de ventura o faz na vida
Caminhar, como um ébrio, na incerteza