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Capítulo 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO

Página 291
Admito sem reservas ser isto quase invariavelmente o que acontece. Mas se olharmos para as variedades produzidas em estado de natureza, ficamos imediatamente envolvidos em dificuldades sem solução; pois descobrindo-se que duas até então supostas variedades têm algum grau de esterilidade entre si, são de imediato classificadas como espécies pela maioria dos naturalistas. Por exemplo, Gärtner afirma que o morrião azul e o vermelho, a prímula e a primavera-dos-jardins, que muitos dos nossos melhores botânicos consideram variedades, não são completamente férteis quando cruzadas, e consequentemente classifica-as como espécies duvidosas. Se argumentarmos assim circularmente, a fertilidade de todas as variedades produzidas em estado de natureza terá seguramente de ser concedida.

Se passamos às variedades, produzidas ou supostamente produzidas sob domesticação, ficamos ainda envolvidos em dúvida. Pois quando se afirma, por exemplo, que o spitz alemão se une mais facilmente com raposas do que os outros cães, ou que certos cães domésticos indígenas sul-americanos não se cruzam facilmente com cães europeus, a explicação que a todos ocorrerá, provavelmente a verdadeira, é que estes cães descendem de diversas espécies aboriginalmente distintas. Não obstante, a perfeita fertilidade de muitas variedades domésticas, diferindo amplamente umas das outras em aparência, por exemplo, do pombo ou da couve, é um facto notável; mais especialmente quando reflectimos em quantas espécies há, que, embora assemelhando-se intimamente umas às outras, são absolutamente estéreis quando entrecruzadas. Diversas considerações, todavia, tornam a fertilidade das variedades domésticas menos notável do que à partida parece. Pode-se mostrar, em primeiro lugar, claramente, que a mera dissemelhança exterior entre duas espécies não determina o seu maior ou menor grau de esterilidade quando cruzadas; e podemos aplicar a mesma regra às variedades domésticas.

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pág. 291 (Capítulo 9)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 291

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491