Gärtner insiste ainda que, quando quaisquer duas espécies, embora muitíssimo intimamente próximas entre si ao mais alto grau, são cruzadas com uma terceira, os híbridos são muito diferentes entre si; ao passo que se duas variedades muito distintas, pertencentes a uma espécie se cruzam com outra espécie, os híbridos não diferem muito. Mas esta conclusão, tanto quanto compreendo, funda-se numa única experiência; e parece directamente oposta aos resultados de diversas experiências feitas por Kölreuter.
Estas, e só estas, são as diferenças sem importância, para que Gärtner pode chamar a atenção, entre as plantas híbridas e as mistas. Por outro lado, a semelhança nos mistos e nos híbridos com os seus respectivos progenitores, mais especialmente nos híbridos produzidos a partir de espécies quase aparentadas, segue, de acordo com Gärtner, as mesmas leis. Quando duas espécies são cruzadas, uma tem por vezes um poder preponderante de transmitir a sua semelhança ao híbrido; e creio que o mesmo sucede com as variedades de plantas. Com os animais, uma variedade tem decerto frequentemente este poder preponderante sobre outra variedade. As plantas híbridas produzidas a partir de um cruzamento recíproco assemelham-se geralmente entre si na perfeição; e o mesmo sucede com os mistos de um cruzamento recíproco. Tanto os híbridos como os mistos podem ser reduzidos a uma ou outra forma antecessora pura, por cruzamentos repetidos em gerações sucessivas com uma ou outra antecessora.
Estas diversas observações são aparentemente aplicáveis aos animais; mas o assunto é aqui excessivamente complicado, em parte devido à existência de caracteres sexuais secundários; mas mais especialmente devido à preponderância na transmissão da semelhança ser mais forte num dos sexos do que no outro, tanto quando uma espécie é cruzada com outra como quando uma variedade é cruzada com outra variedade.