A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 334 / 524

desde a eternidade? Os nossos continentes aparentemente foram formados por uma preponderância, durante muitas oscilações de nível, da força de elevação; mas não poderão as áreas de movimento preponderante ter mudado ao longo do tempo? Num período imensamente anterior à época siluriana, podem ter existido continentes onde hoje se estendem oceanos; e podem ter existido oceanos ilimitados onde hoje se encontram os nossos continentes. Tão-pouco teríamos justificação para pressupor que se, por exemplo, o leito do Oceano Pacífico estivesse agora convertido num continente, encontraríamos aí formações mais antigas do que os estratos silurianos, supondo a sua anterior deposição; pois podia muito bem suceder que estratos que tivessem subsidido até algumas milhas mais perto do centro da Terra, e que tivessem sido pressionados por um enorme peso de água superincumbente, poderiam ter sofrido maior acção metamórfica do que os estratos que permaneceram sempre mais perto da superfície. As áreas imensas em algumas partes do mundo, por exemplo na América do Sul, de rochas metamórficas de alto grau bárico, que têm de ter sido aquecidas sob grande pressão, sempre me pareceram exigir uma explicação especial; e podemos talvez acreditar que vemos nestas grandes áreas as diversas formações muito anteriores à época siluriana completamente metamorfoseadas.

As diversas dificuldades aqui discutidas, nomeadamente o facto de não encontrarmos nas sucessivas formações elos transicionais, infinitamente numerosos, entre as muitas espécies que hoje existem ou que existiram; o modo como aparecem subitamente grupos inteiros de espécies nas nossas formações europeias; a quase total ausência, tanto quanto sabemos no presente, de formações fossilíferas sob os estratos silurianos, são todas indubitavelmente da mais grave natureza.





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