Vemos isto da maneira mais evidente pelo facto de todos os paleontólogos mais ilustres, nomeadamente Cuvier, Owen, Agassiz, Barrande, Falconer, E. Forbes, etc., e todos os nossos maiores geólogos, como Lyell, Murchison, Sedgwick, etc., terem sustentado unânime e não raro veementemente a imutabilidade das espécies. Mas tenho razão para crer que uma grande autoridade,
Sir Charles Lyell, a partir de reflexão suplementar, alimenta sérias dúvidas acerca deste assunto. Sinto como é impetuoso discordar destas grandes autoridades, a quem, juntamente com outros, devemos todo o nosso conhecimento. Os que consideram que o registo geológico natural é de alguma maneira perfeito, e que não dão muito peso a factos e argumentos de outros tipos apresentados neste volume, sem dúvida rejeitarão imediatamente a minha teoria. Pela minha parte, seguindo a metáfora de Lyell, olho para o registo geológico natural como uma história do mundo imperfeitamente mantida e escrita num dialecto em mudança; desta história temos apenas o último volume, respeitante a apenas dois ou três países. Deste volume, só aqui e ali se preservou um breve capítulo; e de cada página, só aqui e ali algumas linhas. Cada palavra da linguagem em lenta mudança, em que supostamente está escrita a história, sendo mais ou menos diferente na sucessão interrompida de capítulos, pode representar as formas de vida aparentemente abruptamente modificadas, sepultadas nas nossas formações consecutivas mas amplamente separadas. Segundo esta perspectiva, as dificuldades atrás discutidas reduzem-se significativamente ou até desaparecem.