A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 384 / 524

Admito abertamente a existência prévia de muitas ilhas, hoje enterradas sob o mar, que podem ter servido de pontos de paragem para plantas e muitos animais durante a sua migração. Nos oceanos coralíferos, tais ilhas submersas são hoje assinaladas, segundo creio, por anéis de coral ou atóis sobre elas. Uma vez que se reconheça plenamente, como creio que se fará um dia, que cada espécie procede de uma única região de origem, e quando, com o passar do tempo, tivermos algum conhecimento exacto acerca dos meios de distribuição, poderemos especular com segurança sobre a anterior extensão da terra. Mas não creio que se provará alguma vez que, no período recente, os continentes que hoje estão completamente separados estiveram continuamente ou quase continuamente unidos entre si, e às muitas ilhas oceânicas existentes. Diversos factos na distribuição - tais como a grande diferença nas faunas marinhas nos lados opostos de quase todos os continentes -, a relação próxima entre os habitantes terciários de diversas terras mesmo de mares e os habitantes desses locais no presente -, um certo grau de relação (como veremos posteriormente) entre a distribuição dos mamíferos e a profundidade do mar -, estes e outros factos semelhantes parecem-me contrários ao reconhecimento de tais revoluções geográficas prodigiosas no período recente, como exige a perspectiva apresentada por Forbes e aceite pelos seus muitos seguidores. A natureza e proporções relativas dos habitantes das ilhas oceânicas parecem-me também contrariar a crença na sua anterior continuidade com os continentes. Tão-pouco a sua composição quase universalmente vulcânica favorece a admissão de que se trata de destroços de continentes submersos: se tivessem originalmente existido como cordilheiras




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