É um facto importante que os órgãos rudimentares, tais como os dentes nas maxilas superiores das baleias e ruminantes, podem por vezes ser detectados no embrião, mas mais tarde desaparecem completamente. Creio que também é regra universal uma parte ou órgão rudimentar ser maior relativamente às partes adjacentes no embrião, por comparação com o adulto; pelo que o órgão nesta idade temporã é menos rudimentar, ou nem se pode mesmo afirmar que é rudimentar em maior ou menor grau. Por isso, também se afirma frequentemente que um órgão rudimentar no adulto retém a sua condição embrionária.
Apresentei os principais factos a respeito dos órgãos rudimentares. Ao reflectir neles, todos ficarão dominados pelo espanto: pois o mesmo poder de raciocínio que nos diz claramente que a maioria das partes e órgãos são refinadamente adaptados para certas finalidades diz-nos com igual evidência que estes órgãos rudimentares ou atrofiados são imperfeitos e inúteis. Em obras sobre história natural, geralmente afirma-se que os órgãos rudimentares foram criados «em prol da simetria», ou de maneira «a completar o esquema da natureza»; mas isto não me parece uma explicação, apenas uma reiteração do facto. Considerar-se-ia suficiente afirmar que porque os planetas giram em órbitas elípticas em volta do Sol, os satélites seguem o mesmo percurso em volta dos planetas, em prol da simetria, e para completar o esquema da natureza? Um ilustre fisiólogo explica a presença de órgãos rudimentares supondo que servem para excretar matéria em excesso, ou prejudicial ao sistema; mas poderemos supor que a minúscula papila, que frequentemente representam o pistilo nas flores macho, e que é formada meramente por tecido celular, pode agir desta maneira? Poderemos supor