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Capítulo 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.

Página 486
que a formação de dentes rudimentares que são subsequentemente absorvidos pode ter alguma utilidade ao embrião de vitelo que cresce rapidamente, através da excreção do precioso fosfato de cal? Quando os dedos de um homem foram amputados, por vezes surgem unhas imperfeitas nos cotos: tão depressa acreditaria que estes vestígios de unhas apareceram, não devido a leis de crescimento desconhecidas, mas de maneira a excretar matéria córnea, como as unhas rudimentares nas barbatanas do manatim se formaram para esta finalidade.

Na minha perspectiva da descendência com modificação, a origem dos órgãos rudimentares é simples. Temos uma abundância de casos de órgãos rudimentares nas nossas produções domésticas - como o coto de uma cauda nas linhagens sem cauda; o vestígio de uma orelha nas linhagens desprovidas de orelhas; o reaparecimento de minúsculos cornos pendentes nas linhagens de gado bovino sem cornos, mais especialmente, segundo Youatt, nos animais jovens; e o estado da flor inteira na couve-flor. Vemos frequentemente rudimentos de várias partes em monstros. Mas duvido de que algum destes casos esclareça a origem dos órgãos rudimentares em estado de natureza, além de mostrar que os rudimentos podem ser produzidos; pois duvido de que uma espécie em estado de natureza alguma vez sofra mudanças abruptas. Creio que o desuso tem sido o factor principal; que levou em gerações sucessivas à redução gradual de vários órgãos, até que se tornaram rudimentares como no caso dos olhos de animais que habitam cavernas escuras e das asas de aves que habitam ilhas oceânicas, que raramente foram forçadas a levantar voo e acabaram por perder a capacidade de voar. Mais uma vez, um órgão útil sob certas condições poderia tornar-se prejudicial sob outras condições, como as asas dos escaravelhos que vivem em ilhas pequenas e expostas; e, neste caso, a selecção natural continuaria a reduzir lentamente o órgão, até o tornar inofensivo e rudimentar.

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pág. 486 (Capítulo 14)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 486

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491