A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 506 / 524

de listras no ombro e nas pernas de diversas espécies do género equino e nos seus híbridos! Como é simples a explicação deste facto se acreditamos que estas espécies descendem de um progenitor listrado, da mesma maneira que as diversas linhagens domésticas de pombos descendem do pombo comum, azul e riscado.

Na perspectiva comum de que cada espécie foi criada independentemente, por que razão os caracteres específicos, ou aqueles em que as espécies do mesmo género diferem entre si, seriam mais variáveis do que os caracteres genéricos, em que todas concordam? Por que razão, por exemplo, seria a cor de uma flor mais susceptível a variar em qualquer espécie de um género, se as outras espécies, que se supõe terem sido criadas independentemente, têm flores diferentemente coloridas, do que se todas as espécies do género tivessem as mesmas flores coloridas? Se as espécies são apenas variedades bem marcadas, cujos caracteres adquiriram um grau elevado de permanência, podemos compreender este facto; pois têm já variado desde que se afastaram de um progenitor comum em certos caracteres, pelos quais vieram a ser especificamente distintas entre si; e, portanto, há maior probabilidade de estes caracteres serem ainda mais variáveis do que os caracteres genéricos que foram herdados sem variação durante um período enorme. É inexplicável, com base na teoria da criação, por que razão uma parte desenvolvida de uma maneira muito incomum em qualquer espécie de um género e, portanto, como podemos naturalmente inferir, de grande importância para a espécie, ser eminentemente susceptível à variação; mas, do meu ponto de vista, esta parte sofreu, desde que as diversas espécies divergiram de um progenitor comum, uma quantidade incomum de variabilidade e modificação, e portanto poderíamos esperar que esta parte geralmente fosse variável.





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