Capítulo 15: CAPÍTULO XIV RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
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Estou seguro, e falo por experiência, de que isto não será um alívio menor. Terão fim as intermináveis disputas sobre se cerca de cinquenta espécies de silvas britânicas são ou não espécies genuínas. Os sistematiza dores terão apenas de decidir (não que isto seja fácil) se uma qualquer forma é ou não suficientemente constante e distinta das outras formas, de maneira a ser susceptível de definição; e no caso de ser definível, se as diferenças são ou não suficientemente importantes para merecer um nome específico. Este último ponto tornar-se-á uma consideração muito mais essencial do que é hoje; pois as diferenças, por muito ligeiras, entre quaisquer duas formas, se não estiverem misturadas por gradações intermédias, são maioritariamente consideradas pelos naturalistas como suficientes para elevar ambas as formas à categoria de espécies. No futuro seremos obrigados a reconhecer que a única distinção entre espécies e variedades bem marcadas é que relativamente às últimas sabe-se, ou acredita-se, que estão ligadas hoje em dia por gradações intermédias, ao passo que as espécies estiveram outrora assim ligadas. Portanto, sem rejeitar completamente a consideração da existência no presente de gradações intermédias entre quaisquer duas formas, seremos levados a ponderar mais cuidadosamente e a atribuir um valor mais elevado à efectiva quantidade de diferença entre elas. É inteiramente possível que formas hoje geralmente reconhecidas como meras variedades possam no futuro ser consideradas dignas de ter nomes específicos, como no caso da prímula e da primavera-dos-jardins; e neste caso a linguagem científica e a linguagem comum estarão de acordo. Resumidamente, teremos de tratar as espécies da mesma maneira que tratam os géneros os naturalistas que admitem que os géneros são apenas combinações artificiais que se faz por conveniência.
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