Ao ouvir isto, Cagnazzo ergueu o focinho, abanando a cabeça, e disse: Vejam a malícia que ele imaginou para lá abaixo se lançar!» Ao que ele, que de troques tinha grande cópia, respondeu: «Malicioso sou eu em demasia, pois sobre mim atraio o meu maior tormento.» Não se conteve Alichino e, aos outros se opondo, disse: «Se te atiras, não galoparei atrás de ti, mas antes baterei as asas sobre o pez. Que a borda fique livre e a margem seja escudo; veremos então se mais do que nós vales.»
Tu, que lês, aqui verás um novo ardil: todos voltaram para o outro lado os olhos e, antes de todos, o que a fazê-lo menos pronto se mostrara. O navarro aproveitou bem a ocasião: firmou os pés em terra e num ponto saltou, burlando todos os projectos deles. Disso todos se sentiram culpados, mas mais o que deste logro fora causa, que avançou gritando: «Estás apanhado!» Mas de pouco lhe valeu, que as asas não lograram ao medo sobrepor-se. Aquele mergulhou e este de novo se elevou, voando, como subitamente o pato mergulha quando sente que o falcão se acerca, fazendo este voltar raivoso e cansado.
Irado pelo logro, Calcabrina atrás voou, desejoso de que o outro se escapasse, para ter razão de brigar; e, quando o trapaceiro desapareceu, contra o companheiro as presas voltou e sobre o fosso se envolveu com ele. Porém, o outro mostrou-se falcão experiente e juntos tombaram ambos no meio do lago a ferver. O calor prontamente os fez separar, mas elevarem-se não era possível, tão pegadas ao pez tinham as asas. Barbariccia, desgostoso com os outros, mandou quatro voltar da outra margem, com todos os craques, e rapidamente aqui e além se colocaram nos seus postos e estenderam os craques para os companheiros naquele lago presas, cozidos já adentro da crosta. E ali os deixámos em apuros tais.