Winston debateu consigo mesmo se devia ou não conferir ao Camarada Ogilvy a Ordem do Mérito Evidente; por fim resolveu-se contra, em vista das desnecessárias referências cruzadas que envolveria.
De novo tornou a relancear a vista para o rival no cubículo defronte. Algo parecia dizer-lhe, com certeza, que Tillotson estava empenhado no mesmo trabalho que ele. Não havia meio de saber qual das versões por fim seria adotada, mas tinha a profunda convicção de que seria a sua. O Camarada Ogilvy, inexistente uma hora atrás, era agora um fato. Pareceu-lhe curioso ter a faculdade de criar homens mortos, mas não vivos. O Camarada Ogilvy, que jamais existira no presente, agora existia no passado, e existia com a mesma autenticidade, e as mesmas provas, que Carlos Magno ou Júlio César.